
Andei as ruas todas em silêncio. Tentando fazer silêncio pelo lado de fora.
Quando você não quer que seus pensamentos acordem as crianças do mundo,
o melhor é escrever uma carta sem muitos ruídos. Mas, antes, chamei minha avó.
A minha avó só queria um abraço. Avós, na minha história, são pessoas que esperam o dia todo por um abraço.
Abraços, na minha história, são técnicas de estourar, com o corpo,
um balão cheio de vazios. Dois rapazes riram das roupas de um homem.
Quis escrever cartas ao homem , pois ele estava na minha frente, mas dois passos eram ainda mais longe que Paris!
Queria dizer a ele que não se sentisse desconfortável no mundo,
tudo bem a sua blusa ser assim. O homem baixou a cabeça como se o carteiro entre nossos passos tivesse errado os braços e o homem,
já tão longe de mim, tivesse atravessado a rua. Quis dizer que a blusa roxa e brilhante brincava de voar no varal,
acenando alegre aos transeuntes. Quis dizer isso a ele, mas não disse, há tantas coisas que não dizemos a um des-conhecido. Talvez, ainda mais aos desconhecidos!
Por isso lhe escrevo, para que você não se esqueça de nosso mundo quentinho(o frio é psicológico...).
Por hoje, fiquei com o começo desta carta e um abraço em minha avó. Foi só...
Felipe F. Younan
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